quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Haveria cena alternativa sem Lou Reed e os Velvet Underground?


| Talita Lima |

Sem Lou Reed e os Velvet Underground, talvez praticamente nada do que conhecemos de rock indie e alternativo existiria hoje. The Velvet Underground & Nico, de 1967, apesar do despeito provocado pela presença icônica de Nico, é um disco seminal e marco absoluto do gênero alternativo. Não fossem a criatividade, experimentações e ousadia de temas realizadas pelos vanguardistas do Velvet, os reis do noise Sonic Youth talvez não teriam existido, talvez nem David Bowie, como o conhecemos no auge da carreira, existiria. A influência deste senhor, com fama de ser pouco amigável com os que ousavam entrevistá-lo, tem atravessado gerações, passando até por aquele neo-indie dos anos 2000, encabeçado pelos Strokes, chegando a bandas que hoje despontam no cenário da psicodelia moderna ou neo-psychedelia. Transformer, de 1972, é outro marco na carreira de Reed - agora como artista solo - cuja produção foi assinada por ninguém menos que seu confesso admirador David Bowie.

No domingo, 27 de outubro, dia de seu falecimento, foi publicada uma imagem nos perfis do músico em redes sociais com uma foto sua colada em uma porta cuja legenda era, exatamente, “The Door”. Justo. Reed foi a porta de entrada para o que de melhor se produziu no rock alternativo desde os Velvet - e também no punk rock. O Nirvana, maior ícone alternativo dos anos 90, gravou uma bela versão para a canção “Here She Comes Now”. Reed já escrevia e lançava músicas com letras subversivas no ano em que Kurt Cobain nasceu. 


Lou Reed, apesar da idade - 71 anos - e com um grave problema no fígado, não estava afastado da cena musical, tampouco tinha se tornado aquele tipo de artista cultuado mas recluso. Teve inclusive passagem recente pelo Brasil, lançou um álbum com o Metallica em 2011 (Lulu) e tinha várias apresentações agendadas mas que tristemente já vinham sendo canceladas. Da mesma forma que não consigo pensar em nada que tenha sido mais importante do que The Jesus And Mary Chain para o surgimento do shoegaze, não consigo pensar em nada mais influente para o rock alternativo do que Lou Reed e os Velvet Underground. Seria exagero dizer que Reed e os Velvet inventaram o rock alternativo? Obrigada, Lou Reed, por sua música, sua história e seu legado à cena alternativa.

Jean Baptiste
R.I.P
Lou Reed
1942-2013


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

#Shoegaze #PsicodeliaModerna #Indie: vem aí a Melody Maker Party


Idealizada pelo DJ e produtor Berns, a festa Melody Maker faz sua reestreia na noite da capital paulista no dia 9 de novembro, no Purgatorium 90 (Rua Augusta nº 552). Com discotecagem dos DJs Marcelo Magoo e Plinio Cesar, Melody Maker promete revigorar a cena musical paulistana trazendo ao público o melhor do rock alternativo e indie, nas vertentes shoegaze, britpop, guitar bands e psicodelia moderna

Berns concebeu a festa Melody Maker inspirando-se no seminal periódico londrino de mesmo nome, integrado ao (não menos importante) semanário indie/alternativo “New Musical Express” desde os anos 2000.


Conheça os DJs da festa*

DJ Berns - Nos anos 90, foi proprietário e DJ das lendárias casas noturnas “Inspiral” e “Disco B” e que desde 2004 é um dos responsáveis pelas discotecagens do “Matrix”. 

DJ Plinio Cesar - Grande responsável pelo som das pistas das lendárias casas “Armagedon”, “Urbania”, “Rock House” e “Espaço Retrô” 

DJ Marcelo Magoo - Além de várias discotecagens em casas noturnas e festas desde os anos 90, há 1 ano é responsável por manter o público muito bem informado sobre as novidades musicais e clássicos alternativos no programa “Explicit Guitar”, da web radio “Vinil FM” e é totalmente dedicado à cena shoegaze, britpop, guitar bands e psicodelia moderna.

*A cada nova edição, a festa contará também com DJs convidados.

Melody Maker Party Data: 9 de novembro (Sábado)
Local:
Purgatorium 90 - Rua Augusta, 552 - Consolação - São Paulo
Horário:
23h00 às 06:00
Preço:
R$10 a R$30
Fan Page:
https://www.facebook.com/MelodyMakerParty

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

The Jesus And Mary Chain: box com discografia completa celebra os 30 anos de banda

Divulgação

The Jesus And Mary Chain anunciou esta semana que, em comemoração ao 30º aniversário da banda, lançará um box com não menos do que todos os seis discos de estúdio remasterizados, mais as gravações ao vivo da BBC, um disco com raridades e b-sides cujas faixas serão escolhidas pelos fãs, além de um livro com entrevistas e fotografias. A previsão de lançamento da caixa comemorativa é o dia 13 de dezembro. Para votar nas músicas que irão compor o LP, clique aqui.



Some Candy Talking 

I'm going down to the place tonight
To see if I can get a taste tonight
A taste of something warm and sweet
That shivers your bones and rises to your heat

I'm going down to the place tonight
The damp and hungry place tonight
Should all the stars shine in the sky
They couldn't outshine your sparkling eyes 
But it's so hard to be the one 
To touch and tease and to do it all for fun 
But it's too much for a young heart to take 
Cause hearts are the easiest things you could break 

And I talk to the filth and I walk to the door
I'm knee deep in myself
But I want to get more of that stuff
Of that stuff

Some candy talking
Talk
And I want
And I want
Some candy talking
Some candy talk

I love the way she's walking
I love the way she's talking
It's just the way she's walking 
It's just the way she's talking 

And I need
All that stuff
Give me some
Of that stuff 
I want your candy. I want your candy 
And I need 
Give me some 
Of your stuff 
Give me some 

I want your candy. I want your candy. 
I want your candy. I want your candy. 
I want stuff



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Interview | Zeit (Sweden): "Basically it’s just pop music drenched in fuzz"


Zeit has arisen in Gothenburg, Sweden, with a sound based on post-punk, noise pop, dream pop and shoegaze. They have just released your new EP Life is Just a Blur, another brilliant work made for the shoegazer new generation. Its co-founder Erik Engblom spoke with blog this week about Zeit’s discography, the both sides of internet and social media revolution to indie bands, and the bigger shoegaze exponent ever, My Bloody Valentine.

by Talita Lima


In what year Zeit was formed? What bands more have inspired you?

Erik Engblom: As a band Zeit have existed since 2010. But as a concept the band formed by me and Erik Jonsson late 2008 over a couple of drinks at my brothers place. We both share a fondness for what happened with rock music in the late 80-90 ´s, we both love and growing up listening to bands like Broder Daniel (Swedish cult band), Joy Division, Jesus and The Mary Chain, The Smiths, Slowdive, Sonic Youth, Nirvana and My Bloody Valentine. I wouldn't say that we are influenced by those band, but rather these bands inspired us to do our own thing.

What are the expectations about the new EP Life is Just a Blur?

Erik: I haven't given it too much thought, but spontaneous I hope that people feel something when they listening to it – disgust, love, hate, sorrow etc. I think most people don't like it cause it´s rather extreme and drenched in fuzz. At the same time I think those who are well informed (know the genre) might love some of tracks. Basically it’s just pop music drenched in fuzz. It´s an old concept coming back in style. 

How has its receptivity been?

Erik: People are generally nice especially if the band is unknown. I guess people who don't like it don´t want to waste energy by writing us down. At the same time those who like it often say nice things about the new EP. With that said, the receptivity has been good.

"Basically it’s just pop music drenched in fuzz."

According to your Bandcamp page, your debut was with a full-length album with ten tracks, in 2011. Was there a particular reason for you release a EP this time? Is it as a preparation to a next full-length album?

Erik: We just had a couple of songs that we recorded and it ended up as an album in 2011. The new EP released feels like a new beginning, I guess you can call it preparation for what to come, but I don't know at this time if it’s a full-length album or another EP. I personally love the EP format. It’s perfect for concepts and in my opinion less boring than the album. 

What do internet and social media mean to indie bands like Zeit?

Erik: It´s a good thing I guess. Small bands don’t need to be on a label anymore. With internet and social media revolution bands can promote and release material without the greedy labels. At the same time it’s hard to get through since it feels like everyone making music these days.

"I think My Bloody Valentine doing the right thing releasing it on their own, they really don't need the labels." 

How is the shoegaze/dream pop scene in Sweden?

Erik: I don’t know if there really is a shoegaze scene in Sweden. Don´t know if there are scenes at all in Sweden. We have a couple of big festivals every year and that´s it. It’s hard to tour in Sweden since no one is willing to pay band for concerts. 

Have you read the Kevin Shields interview on Guardian speaking about MBV has been “banned” from the list of nominees to the Mercury Prize because the album had been released independently? What do you think about it?

Erik: Haven't heard about it. And my general attitude is that music and art in general are not a sport – you can't compete. And I think My Bloody Valentine doing the right thing releasing it on their own, they really don't need the labels.

Comment about your future concerts.

Erik: We hope to tour Europe in the near future!

Leave a message to the shoegaze/dream pop lovers in Brazil.

Erik: Hope to tour your part of the world someday.



Entrevista | Zeit (Suécia): "Basicamente é só música pop encharcada em fuzz"


Zeit surgiu em Gotemburgo, Suécia, com um som baseado no pós-punk, noise pop, dream pop e shoegaze. Eles acabaram de lançar o seu novo EP Life is Just a Blur, outro brilhante trabalho feito pela nova geração shoegazer. Seu cofundador Erik Engblom falou com o blog esta semana sobre a discografia do Zeit, os dois lados da revolução da internet e das redes sociais para bandas indie, e o maior expoente shoegaze de todos os tempos, o My Bloody Valentine.


Em qual ano Zeit foi formada? Quais bandas mais inpiraram vocês?

Erik Engblom: Como banda, Zeit existe desde 2010. Mas a ideia da banda formada por mim e Erik Jonsson veio no final de 2008 depois de uns drinks na casa dos meus irmãos. Nós dois compartilhamos uma predileção pelo rock do final dos anos 80 e início dos anos 90, nós dois amamos e crescemos ouvindo a bandas como Broder Daniel (uma banda cult sueca), Joy Division, Jesus and Mary Chain, The Smiths, Slowdive, Sonic Youth, Nirvana and My Bloody Valentine. Eu não diria que nós somos influenciados por estas bandas, prefiro dizer que estas bandas nos inspiraram a fazer nosso próprio som.

Quais são as expectativas a respeito do novo EP Life is Just a Blur?

Erik: Eu não tenho pensado muito nisso, mas eu espero que as pessoas sintam algo quando ouvirem - aversão, amor, ódio, tristeza etc. Acho que a maioria das pessoas não gosta dele porque ele é um pouco extremo, exagerado e encharcado de fuzz. Ao mesmo tempo, acho que aqueles que conhecem o gênero podem amar algumas das faixas. Basicamente é só música pop encharcada em fuzz. É um velho conceito (musical) voltando à moda. 

Como tem sido a receptividade (do EP)?

Erik: As pessoas são geralmente gentis, especialmente se a banda é desconhecida. Acho que as pessoas que não gostam dele não querem desperdiçar energia falando mal. Ao mesmo tempo, aqueles que gostam do EP frequentemente dizem coisas legais sobre ele. Sendo assim, a receptividade tem sido boa.

"Basicamente é só música pop encharcada em fuzz."

De acordo com a página da banda no Bandcamp, a estreia de vocês foi com um álbum com dez faixas, em 2011. Houve uma razão especial para lançarem um EP dessa vez? É um tipo de preparação para o próximo disco cheio?

Erik: Nós simplesmente tínhamos algumas músicas que gravamos e que acabaram como um álbum em 2011. Sentimos o novo EP lançado este ano como um novo começo, eu acho que você pode chamá-lo de uma preparação para o que está por vir, mas eu não sei ainda se será um álbum cheio ou um outro EP. Pessoalmente amo o formato EP. É perfeito para conceitos e na minha opinião menos chato do que um álbum.

O que a internet e as redes sociais significam para bandas indie como Zeit?

Erik: É uma coisa boa, eu acho. Bandas pequenas não precisam estar em uma gravadora mais. Com a internet e a revolução das mídias sociais, as bandas podem promover e lançar material sem contrato com gravadoras. Ao mesmo tempo é difícil porque a partir daí parece que todo mundo faz música hoje em dia. 

"Eu acho que o My Bloody Valentine fez a coisa certa lançando o disco por eles mesmos, eles na verdade não precisam de gravadoras."

Como é a cena shoegaze/dream pop na Suécia?

Erik: Eu não sei se existe realmente uma cena shoegaze na Suécia. Não sei se existem quaisquer cenas na Suécia. Nós temos alguns grandes festivais todo ano e é isso. É difícil excursionar na Suécia uma vez que ninguém está disposto a pagar bandas para shows.

Você leu a entrevista de Kevin Shields no Guardian falando sobre o MBV ter sido “banido” da lista de indicados ao Mercury Prize porque o disco tinha sido lançado de forma independente? O que você pensa sobre isso?

Erik: Eu não soube disso. Geralmente penso que a música e a arte em geral não são esportes - você não pode competir. E eu acho que o My Bloody Valentine fez a coisa certa lançando o disco por eles mesmos, eles na verdade não precisam de gravadoras.

Comente sobre seus próximos shows.

Erik: Nós esperamos fazer uma turnê pela Europa em um futuro próximo!

Deixe uma mensagem para os fãs de shoegaze/dream pop no Brasil.

Erik: Esperamos fazer uma turnê na sua parte do mundo algum dia.