terça-feira, 7 de julho de 2009

Entrevista: Inverness


Mateus Perito, voz/guitarra da Inverness
Foto: Alessandra Luvisotto
Inverness é uma banda de rock paulistana, formada por Lucas de Almeida (voz e guitarra), Mateus Perito (voz e guitarra), Flávio Fraschetti (baixo) e Marcio Barcha (bateria). A banda tem um EP homônimo (2007) e um disco de estreia, Forest Fortress, lançado neste primeiro semestre de 2009 e disponível gratuitamente na internet.

Foi em 27/06 que conheci a Inverness, em uma apresentação no Clube Praga, no bairro de Perdizes, São Paulo. Em entrevista ao Songs to Valentina, o vocalista e guitarrista Mateus Perito falou sobre o lançamento do primeiro disco, a relação com a internet, o som e os planos da Inverness.


Songs to Valentina - Vocês disponibilizaram na internet o disco de estreia, Forest Fortress. Parece que este é mesmo o caminho pra muitas das novas bandas. Que importância a internet tem para o Inverness? Como está sendo a recepção até agora?

Mateus - As bandas independentes do Brasil têm que se preocupar em lançar o seu som. O formato na verdade tanto faz, a questão é não engavetar o seu trabalho. Música é pra ser ouvida! Para o Inverness a internet é essencial, toda nossa divulgação foi via internet e continuamos todos os dias em cima disso, através do Myspace, Twitter, Orkut. É a melhor opção que temos até agora. Quanto à recepção do disco, estamos acompanhando pelas matérias que vêm saindo e estamos sendo bem comentados nos blogs. Parece que estamos tendo uma boa aceitação e esperamos que o Forest Fortress tenha uma repercussão maior, porque este primeiro disco foi realmente um parto para tirar de nossas cabeças e trazê-lo para a realidade!

STV - Aquela não foi a primeira vez que a banda tocou no Clube Praga. Sentiram algo diferente desta vez em relação ao público ou mesmo em relação a si próprios?

Mateus – Foi nossa terceira apresentação no Clube Praga. Uma delas foi o nosso primeiro show para um público que não consistia somente em nossos amigos, a outra foi durante um período meio conturbado para nós, pois estávamos sem o Frá (Flávio, baixista), ele estava em um projeto fora de São Paulo e fizemos uma experiência power trio. Estamos tocando muito melhor do que antes! Mas sinto que a principal diferença é que algumas pessoas da comunidade do Orkut e do Myspace apareceram pra ver o show, o que para nós é muito legal, pois são pessoas que vêm nos acompanhando há tempos.

STV – No site da TramaVirtual "rotulam" o som da banda em Forest Fortress como “de space folk a neo shoegaze”. Há bandas que preferem não se rotularem, se esse não é o caso do Inverness, a qual subgênero vocês diriam que pertencem? Como definem o som de vocês?

Mateus - Não nos preocupamos muito com os rótulos que nos dão. Alguns obviamente agradam mais do que outros. Acho que todos os rótulos são válidos para os ouvintes. O importante é que todos ouçam as nossas músicas. Se quiserem dizer que é shoegaze ou pós-punk, tanto faz. Considero o nosso som único, por causa do lance da narração na música, a preocupação com timbres, a mescla dos sons brasileiros com os internacionais, uso de sintetizadores, preocupação com as melodias vocais (vozes em confronto) e samples da natureza. Para mim, isso transforma a banda numa coisa mais original. Não que sejamos a banda mais original que já se viu, mas acho que estamos num bom caminho de criatividade. Isso tudo numa intenção de mostrar a relação entre a cidade e a natureza, pelo menos esse é o tema do Forest Fortress, mas quem ouvir está livre para sentir e pensar o que quiser.

STV – O Inverness soa diferente ao vivo...

Mateus - Sempre pensamos em oferecer ao público duas experiências: a ‘ao vivo’ e a ‘gravada’. Por isso ao vivo é muito mais barulhento, uma outra roupagem para as mesmas músicas, o que dá um charme ao show. Mas também não significa que em um próximo passo o ‘ao vivo’ não seja acústico e o ‘gravado’ não tenha 30 guitarras uma em cima da outra!

STV - O Inverness é assumidamente influenciado por Animal Collective, My Bloody Valentine, Radiohead e Spiritualized. Existem outras referências musicais além das quatro bandas e que não ficam evidentes no som?

Mateus - Não acho que todas as quatro (bandas) sejam aparentes no som. Algumas vezes são pequenos detalhes. O que a gente realmente pensa na composição é o conceito que pegamos emprestado e damos uma nova roupagem. Existem milhares de outras bandas que gostamos. Afghan Whigs, por exemplo, é uma banda que eu e o Cito (Marcio, baterista) adoramos, mas não é tão presente em nosso som. Também existe o amado Do Make Say Think do Lucas e do Cito, e também as maluquices que o Frá ouve, o violão clássico e outras. Nem tudo fica aparente em nosso som, mas ouvimos de tudo um pouco, muita coisa mesmo.

STV - Pelo menos de São Paulo, capital, vocês já saíram (a banda fez uma pequena turnê no mês de abril passando por Araraquara, Ribeirão Preto e Indaiatuba). O plano é chegar até o Coachella junto com o My Bloody Valentine?

Mateus - Sim, com certeza! Queremos ir o mais longe possível. Começando a tocar fora de São Paulo e depois para o mundo. Temos muito para mostrar!

STV - No Myspace da banda há a citação: "Não sabemos o que é o verso ou o refrão". O que isso quer dizer?

Mateus - A frase surgiu de uma brincadeira entre eu e o Lucas durante uma conversa sobre música. Reparamos que até então nossas músicas não se enquadravam no formato clássico, o verso-refrão. Nossas músicas estão mais para narração. Só que isso foi tão natural que nós começamos a brincar um com o outro dizendo que não sabíamos o que é o verso e o que é o refrão. Achamos tão engraçado que colocamos no Myspace.