domingo, 25 de setembro de 2011

Nevermind: 20 anos




Bleach, o primeiro disco do Nirvana, custou 600 dólares, Nevermind, mais de 120 mil; Nevermind chegou ao 1º lugar das paradas da revista Billboard, passando à frente de Michael Jackson e se tornando o disco mais vendido dos EUA.

No início do mês de abril de 1990, Kurt Cobain, então com 23 anos, e sua banda dirigiram-se à cidade de Madison, capital de Wisconsin, para sessões de gravação no Smart Studios com Butch Vig, experiente produtor de bandas alternativas. Kurt queixava-se do som da bateria nos outros trabalhos da banda, e foi Vig (também baterista do Garbage) quem conseguiu captar esse som, certamente alegrando-o. A gravação duraria uma semana. A versão de "Here She Comes Now", do Velvet Underground, foi gravada nesse período e cinco das músicas gravadas nas sessões no Smart Studios entraram no Nevermind, o próximo disco da banda que inicialmente se chamaria Sheep (Ovelha). "Roubem Sheep. Numa loja perto de você. Nirvana. Flores. Perfume. Doces. Cachorrinhos. Amor. Sheep" dizia Kurt em um anúncio imaginário para o disco.

O segundo disco do Nirvana estava pronto em junho de 1991, mais de um ano após aquelas primeiras sessões com Butch Vig no Smart Studios. Mas apesar da boa produção, a mixagem de Vig não agradou a gravadora (DGC) e nem a banda, então a remixagem coube a Andy Wallace. Kurt desistiu de chamá-lo de Sheep e sugeriu Nevermind, "Para Kurt, o título funcionava em vários níveis: era uma metáfora para sua atitude diante da vida; era gramaticalmente incorreto, combinando duas palavras em uma (...), e vinha de "Smells Like Teen Spirit", que estava se tornando a canção mais falada das sessões de gravação", conta Charles R. Cross.

Quando entraram em estúdio, "Lithium" aparentava ser o sucesso do disco mas, assim que concluído, "Smells Like Teen Spirit" despontava como o provável primeiro single e consequente sucesso. A sensibilidade artística de Kurt ia além da música, e foi dele a ideia da capa de Nevermind (como mais tarde com In Utero). O crédito da foto do macaquinho, na contra-capa, é dado a um tal de Kurdt Kobain. Michael Levine fotografou a banda para as fotos do encarte. Kurt não se sentia muito à vontade para tirar fotografias, mas tomou uma garrafa de uísque e "aparentava bom humor e sorria muito". A foto na qual ele aparece mostrando o dedo do meio, foi de sua escolha. Parte das letras do disco são baseadas no relacionamento de Kurt com Tobi Vail, de quem "levou um fora".

Enquanto Nevermind não era lançado, o Nirvana fez uma excursão pela Europa com 10 apresentaçãos ao lado do Sonic Youth, documentada em 1991: The Year Punk Broke, de Dave Markey (que já pode ser encontrado no Brasil em DVD importado).

No dia 13 de setembro de 1991, uma sexta-feira, foi promovido em Seattle um show de lançamento de Nevermind, só para convidados, cujo anúncio dizia: "Esqueça o azar do 13, aqui está o Nirvana". Em 24 de setembro foi oficialmente lançado.

Em algumas semanas, a ascensão do disco nas paradas da Billboard foi gloriosa, como visto poucas vezes. Durante semanas o disco ficou esgotado, isso porque, curiosamente, as expectativas da gravadora não eram grandes e por isso havia prensado inicialmente apenas 46.251 exemplares. Nevermind vendeu milhões e a partir dele Cobain e banda começaram a ganhar dinheiro de verdade com sua música. Apesar do quanto custou para ser concluído, Nevermind subiu nas paradas sem grandes campanhas de marketing e quase sem tocar nas rádios. Toda homenagem ao Nevermind e ao Nirvana, desde então, é válida.


* Texto baseado no livro Heavier Than Heaven (Mais Pesado Que O Céu) - Uma biografia de Kurt Cobain, de Charles R. Cross (Editora Globo, 2002).

3 comentários:

Rose Moreira disse...

Seu texto está muito bom!
Em uma semana na qual se falou tanto sobre Rock in Rio, blogs como o seu e a MTV Brasil lembraram de um dos discos que entrou para história da música, influência de muita gente que está por aí fazendo boa música.
Quando escutei Nevermind pela primeira vez, eu sabia que não seria a mesma depois disso.

Alan Dantas - Num disse...

Concordo com a Rose, em uma semana em que tanto se falou sobre Rock in Rio, alguém lembrou muito bem desse disco ímpar. E eu que não gostava de rock mudei minha percepção musical ao ouvir Nirvana.
Ótimo texto.
Parabéns!

Alan Dantas - Num disse...

E pensar que depois de ouvir Nirvana meu horizonte musical foi substancialmente ampliado.

Ótimo texto! Parabéns!